segunda-feira

BALANÇO DA VIAGEM

PLANILHA DE PERNOITES

PLANILHA DE COMBUSTÍVEL, PREÇOS E DISTÂNCIAS

a) DISTÂNCIA PERCORRIDA - Flávio: 13.625 km de pilotagem contínua; Gilson Wander: 16.095 km; dos quais 1079 km no URUGUAI, 1711 km no Chile e 8926 km na Argentina.
b) PERNOITES -  Pernoites em 18 cidades diferentes, em 23 dias de viagem (Flávio).
c) COMBUSTÍVEL - (controle da moto do Flávio): Foram 67 paradas de abastecimento em 63 localidades diferentes de 4 países, que representaram investimento de R$ 2.669,00.
d) VENTOS - Pilotamos cerca de 2000 km sob ventania. Os ventos mais fortes foram de 65 km/h (medidos pelo aparelho Skywatch Xplorer2, com a moto parada).
e) NEVE - Pegamos 5 trechos com neve caindo sobre nossas cabeças. Com exceção da chegada a Ushuaia (nas proximidades do Paso Garibaldi), onde pegamos cerca de 70 km de nevasca, os trechos foram curtos, mas creio que totalizaram algo em torno de 200 km. Em nenhum desses trechos houve acúmulo da neve no piso.
f) CHUVAS - Só encaramos chuva no Rio Grande do Sul, na saída de Ushuaia e na chegada a Brasília (de Prata/MG a Abadiânia/GO), aproximadamente 750 km.
g) TEMPERATURA - Pegamos calor acima dos 30 graus em 4 dias de viagem. A temperatura mais fria foi de 4 graus negativos na travessia dos Andes, na chegada a Ushuaia.
h) PREÇO MÉDIO DA GASOLINA - Eu havia dito na última viagem para o exterior que a gasolina brasileira era a mais cara e a pior do mundo. De lá para cá as coisas mudaram. A gasolina chilena e uruguaia estão mais caras que a nossa. Assim sendo, a nossa gasolina deixou de ser a mais cara, mas continua sendo a pior. Vamos lá: Preço médio do Litro no CHILE: 780,50 pesos (R$ 3,32); na ARGENTINA: 6,73 pesos (R$ 2,70); ARGENTINA (abaixo do Paralelo 42): 4,66 pesos (R$ 1,97); no URUGUAI: 38,70 pesos (R$ 4,30); e no BRASIL: R$ 2,79.
i) CÃMBIO DA VIAGEM - R$ 1,00 = 2,37 ARS (peso argentino); R$ 1,00 =  235,00 CLP (peso chileno); R$ 1,00 = 9,00 UYU (peso uruguaio); US$ 1,00 = R$ 2,19.

domingo

EXPLICAÇÕES INICIAIS (O PROJETO E OS PILOTOS)

(Mensagem do Flávio Faria),
Esta viagem é a minha sétima experiência internacional sobre duas rodas e a quarta de Gilson Wander. Nessas andanças, já estive em Ushuaia, a Cidade do Fim do Mundo, em 2009, também de motocicleta (www.ateofimdomundoemduasrodas.blogspot.com), e este retorno vai me permitir trafegar por outras localidades que ainda não visitei. Não haveria sentido, para mim, repetir a mesma rota de 3 anos, por isso projetamos um trajeto com cerca de 6000 km por caminhos diferentes dos percorridos naquela ocasião. Desta vez, para agregar mais coisas boas a este projeto, iremos participar do 6º Encuentro Internacional de Motoviajeros en El Fin del Mundo, realizado em Ushuaia sempre no mês de novembro.

SOBRE NÓS:
Eu e Gilson Wander (Wandeco) temos experiências muito parecidas sobre duas rodas e já rodamos mais de 15 mil km lado a lado, o suficiente para testar nossa parceria em situações de desgaste e de estresse, que podem aparecer (e que geralmente aparecem) no desenrolar de um empreendimento tão longo.
Parece inusitado, mas nossa parceria nesta viagem só começará, de fato, a partir de Montevidéu, onde nos encontraremos no dia 10 de novembro. Como nossos períodos de férias são diferentes, Gilson foi na frente, no dia 31 de outubro, para desfrutar alguns dias com a família em Buenos Aires, Punta del Este e Montevidéu. Seus familiares retornarão de avião para Brasília e ele permanecerá por lá, me aguardando pacientemente.

 Os viajantes Flávio Faria e Gilson Wander

MOTOS NOS ESPERANDO NO RIO GRANDE DO SUL
Montamos uma logística meio estranha para aproveitar ao máximo o parco período de férias. No dia 10 de outubro, Gilson pilotou sua moto por 2400 km, de Brasília até Santa Maria/RS (acompanhado pelo nosso queridíssimo amigo Paulo Amaral), para participar do 16º Mercocycle (encontro motociclístico organizado pelos Gaudérios do Asfalto). No dia 15 de outubro, Gilson estacionou sua moto no aeroporto de Porto Alegre, voltou para Brasília de avião e retornou no dia 31 à capital gaúcha, para dar início à sua viagem.
Eu fiz uma estratégia diferente: enviei a moto de caminhão-cegonha até Porto Alegre, para pegá-la na manhã do dia 10 de novembro e imediatamente seguir para Montevidéu.

EXPECTATIVA:
Como nas demais aventuras, nossa intenção é angariar muitas coisas boas para o nosso espírito, por intermédio do aprendizado da estrada e da convivência com pessoas, cenários e diferentes culturas. Viajar de moto tem sido um mecanismo recorrentemente utilizado de renovação de nós mesmos. Uma experiência que nos permite viajar também para dentro de nós e voltar para casa mais lapidados e mais apaixonados pelas pessoas e pelo mundo que nos abriga.
Vamos lá a mais este projeto de viagem (e de vida), contando com a parceria dos amigos que nos acompanharão virtualmente nesta aventura.

Gilson e Paulo Amaral (que o acompanhou até Santa Maria/RS), no Mercocycle

Na estrada para Montevidéu
Gilson Wander e família, em Montevidéu
Los Dedos, Punta del Este 
Gilson (new look)

DIÁRIO DA VIAGEM

(Mensagem do FLÁVIO FARIA)

DE PORTO ALEGRE À PATAGÔNIA


DIA 1 - 10 de novembro de 2012 - DE PORTO ALEGRE A MONTEVIDÉU - 882 km de pilotagem solitária, sendo 350 km no Uruguai.
a) Peguei a moto na transportadora bem cedo e iniciei viagem às 7:15 h da manhã, partindo de Porto Alegre rumo à Montevidéu, para encontrar com o Wandeco. O dia  de hoje foi marcado pelo início de uma frente fria pelo sul do Brasil e não tive como escapar de uma chuvinha intermitente que me acompanhou por um trecho de 200 km. Mesmo assim, o trajeto foi percorrido sem qualquer dificuldade digna de menção e cheguei ao destino antes das 18 horas.
b) Uma viagem de moto, como esta, representa esforço aeróbico intenso, onde a troca de "Quilos por Litros" ocorre diariamente, sem sentimentos de culpa. A hidratação intensa é necessária, para os rins e para a alegria de viver. Por essas e por outras, a primeira coisa que falei ao meu parceiro assim que o encontrei em Montevidéu foi: 
- Wandeco-eco, diga o nome do boteco! 
Ele me apontou o restaurante Cocina de Pedro, nas proximidades do hotel Ibis, onde estamos hospedados, e para lá fomos nós, degustar algumas canecas da boa cerveja uruguaia Patrícia.
c) Seguiremos amanhã para uma jornada de dois dias até Bariloche. Faremos a travessia do Rio De La Prata por Colônia del Sacramento, de barco (Buquebus), e desembarcaremos em Buenos Aires antes do meio-dia. 

(Mensagem do GILSON WANDER)
Eu e meu amigo Flávio estamos a caminho de Ushuaia a partir de hoje. De Brasília até lá, ida-e-volta, são aproximadamente 16 mil km e, destes, já rodei 3.200 até Montevidéu. Ushuaia, juntamente com o Deserto do Atacama, representam os destinos mais procurados por motociclistas de todas as partes do mundo. O que me motiva nesta aventura, além das belezas naturais do caminho e do destino, são as adversidades: frio extremo, ventos fortes e rípio. E não  poderia ser diferente. Como comemorar uma conquista, um objetivo alcançado, sem empreender esforço e superar dificuldades? Tenho certeza que voltarei renovado e pronto para a novos desafios.

(fotos de Flávio na estrada e com Gilson Wander, em Montevidéu)







(Mensagem do Flávio)

DIA 2 – 11 de novembro de 2012, domingo - DE MONTEVIDÉU À SANTA ROSA,  na Patagônia Argentina – 864  Km rodados  no dia de hoje – Quilometragem total: FLÁVIO: 1696 km; GILSON WANDER: 4096 km, dos quais 537 km no Uruguai e 629 km na Argentina.
      a)  Deixamos Montevidéu por volta das 8 h da manhã e seguimos para Colonia del Sacramento. Pegamos o Buquebus para Buenos Aires às 11:30 h e fizemos a travessia do Rio de La Plata, com cerca de 1 hora de duração. O custo da passagem nos assustou um pouco, R$ 260,00 reais per capita. Lembro que em 2009 pagamos menos da metade deste valor pelo mesmo serviço. O Uruguai e a Argentina se tornaram países caros de alguns anos para cá. Eu tive a curiosidade de comparar os custos da nossa viagem de 2009, também a Ushuaia, com os preços de agora. Para se ter uma ideia, a gasolina uruguaia está custando em média R$ 4,30 o litro, que representa aumento de 45% em um pouco mais de 3 anos. Com a gasolina argentina a situação é pior, porque ela subiu 150% neste mesmo período (mesmo assim ainda custa pouco menos que em Brasília, algo em torno de R$ 2,70 o litro).
b) A partir de Buenos Aires pegamos a Ruta 5 em direção à Bariloche, sob temperatura muitíssimo agradável, por volta de 20 graus, que nos acompanhou durante todo o dia. O trecho de hoje transcorreu dentro de um cenário muito parecido com o das pradarias uruguaias: planícies verdejantes, pastagens extensas e muitos alagadiços. Ficamos impressionados com o número de veículos vindo em sentido contrário durante todo o trajeto.
c) Adentramos a Patagônia argentina às 18:20 h (horário local) por La Pampa e paramos para dormir em Santa Rosa, capital desta província, num hotelzinho mequetrefe (Lihuel Calel), que nos custou R$ 150,00  um quarto para dois. O problema era o chuveiro, instalado logo acima do vaso sanitário. É curioso constatar esta arquitetura de banheiro, que só vi na Argentina até então. Por aqui ninguém sabe o que é box de chuveiro e os hotéis já disponibilizam para os seus hóspedes um excelente rodo, para que eles mesmos puxem a água que se espalha por todo o piso.
d) Mas é isso! Estamos aqui para nos divertir e cito essas pequenas coisas apenas para registro, sem qualquer intenção de crítica aos hermanos.

 (Nascer do sol em Montevidéu, na manhã de domingo)
 (Flávio e suas tralhas, procurando um documento que se escondeu lá dentro)
 (Foto no início da Patagônia Argentina, na província de La Pampa)
(Gilson Wander na estrada)

SEGUINDO PARA BARILOCHE

(Mensagem do Flávio)
DIA 3 – 12 de novembro de 2012, Segunda-Feira - DE SANTA ROSA A BARILOCHE,  1002  Km rodados  no dia de hoje – Quilometragem total: FLÁVIO: 2698 km; GILSON WANDER: 5098 km, dos quais 537 km no Uruguai e 1.631 km na Argentina.
a) Hoje começamos o dia tentando tomar o café-da-manhã no hotel (ainda naquele mequetrefe, com chuveiro em cima do vaso sanitário), que começaria a ser servido às 7 h local (8 h de Brasília). Estávamos meio apreensivos com o horário, porque teríamos que pilotar 1000 km para chegar a Bariloche e qualquer atraso na saída poderia comprometer nossa logística de estrada. Já vi muitas coisas nesta vida, mas o que nos aconteceu hoje foi inédito. Deu 7:15, 7:20 e nada de o café ficar pronto. As mesas ainda estavam desarrumadas, toalhas amarrotadas, o chão precisando de uma limpezinha básica e outras coisas do gênero. Perguntei ao atendente do hotel se o horário do café era aquele mesmo: 7 h da manhã. Ele respondeu que SIM, pero que estava um poquito atrasado. O fato é que a funcionária responsável pelo serviço não apareceu para trabalhar e tudo ficou nisso mesmo. Resolvemos pegar a estrada e deixamos aquela espelunca cuspindo marimbondo.
b) Como tudo na vida tem sempre alguma compensação, resolvemos tomar o dito café a 70 km adiante, na cidade de General Acha, um excelente local para pouso e repouso, que já havia sido elogiado por vários amigos estradeiros que passaram por lá. Foi gratificante conhecer um pouco desta cidade. Aproveitamos nossa rápida passagem para sacar alguns pesos argentinos no caixa eletrônico e seguimos adiante. General Acha é um local aprazível, organizado, com muitas opções de hospedagem e lazer.
c) Resolvemos acelerar para compensar esses contratempos iniciais do dia. Entramos região das estepes patagônicas e passamos a conviver horas e horas com um cenário repetitivo e  feio, com longos trechos em linha reta, ladeados por uma vegetação que mal chega a 1 metro de altura. O calor superava os 32 graus.  A cada 10 km havia uma placa de aviso aos viajantes, aconselhando-os a "pararem para descansar", porque neste trecho é comum motoristas se acidentarem por dormir no volante. Confesso que lutei por quase 400 km contra o sono. Usei o recurso de cantar em voz alta dentro do capacete para me manter desperto.
d) Os 200 quilômetros que antecedem Bariloche, nas províncias de Neuquén e Rio Negro, são de uma beleza inenarrável. Tivemos um exemplo real do porquê de esta região ser chamada de "Região dos Lagos". Paramos mais de uma dúzia de vezes para produzir fotos e filmagens, sempre à beira de lagos e rios. Um cenário de pirar el cabezón. As localidades de Neuquén, Piedra del Aguila e Confluenza Traful deixarão boas lembranças, por conta das suas belezas naturais
e) Chegamos a Bariloche às 20 h local, com o sol a pino sobre nossas cabeças. Por aqui o sol está se pondo depois das 21 h. Tivemos tempo suficiente para um bom passeio pelo centro histórico da cidade. Jantamos bife de chorizo e javali a cazadora, acompanhados da tradicional cerveja Quilmes.

 (Na ruta 237, que é ladeada por pequenas flores amarelas)
 (Na ruta 237)
 (Piedra de Aguila)
 (Chegando a Bariloche)
 (Região dos Lagos Andinos)
  (Região dos Lagos Andinos)

(Confluenza Traful)
 (Bariloche)
  (Bariloche) 

   (Bariloche)
   (Bariloche)


DIA 4 – 13 de novembro de 2012, terça-Feira - PARADOS EM BARILOCHE.
Estamos hospedados no hotel Quillén Spa, na Av. San Martin, a menos de 500 metros do centro histórico de Bariloche. Tiramos o dia de hoje para passeios, descanso e hidratação. Eu estava doidim para fazer o tradicional passeio de teleférico, mas o maquinário estará em manutenção até o dia 19. Paciência. Hoje fizemos uma boa caminhada pela orla do lago Nahuel Huapi e pelos pontos mais interessantes da cidade. Muitas fotos e filmagens.
(fotos em Bariloche)





DE BARILOCHE PARA PUERTO VARAS E ILHA DE CHILOÉ

DIA 5 -14 de novembro de 2012, quarta-feira - de BARILOCHE A PUERTO VARAS (Chile) - 343 km rodados no dia de hoje. Quilometragem total: FLÁVIO (3041 KM); GILSON WANDER (5441 km), sendo 537 km no Uruguai, 1846 km na Argentina e 215 km no Chile.
a) Confesso que meus olhos marejaram diante das belezas da travessia dos lagos andinos rumo ao Chile, de Bariloche até Puerto Varas. Um cenário que mexeu com as fibras da alma. Como diz a canção: "Existem estradas tão bonitas, que o coração as vê como infinitas". Um trajeto curto, realizado com muita calma em mais de 8 horas de pilotagem. Sinceramente, me julgo incompetente para descrever os horizontes encantados deste trecho. Uma verdadeira aquarela da criação divina, com bosques floridos, picos nevados, rochedos, rios ariscos e lagos pintados de azul turquesa. Uma coisa de louco! Deus exagerou na dose quando inventou isto aqui. 
Qualquer viajante sabe que as belezas de uma viagem se concentram mais intensamente no percurso que no destino. Ushuaia é apenas um ponto de chegada, mas está longe de ser o local mais bonito desta aventura. 
b) Chegamos a Puerto Varas no meio da tarde, depois de tomar café em Villa La Angostura (Argentina) e almoçar às margens do Lago Puyehue (no Chile). P. Varas fica às margens do lago Llanquihue, de onde é possível ver com muita clareza os vulcões Osorno e Calbuco, que ainda estão nevados nesta época do ano. Estamos no Círculo do Fogo, onde se concentram mais de 600 vulcões. Uma região que recentemente foi atingida por duas erupções de grande porte (dos vulcões Puyehue e Vilarrica), que causaram estragos que subsistem até os dias de hoje em algumas cidades menores.
c) Estamos hospedados na Casa La Antu, um hotel que identificamos pelo site booking.com. Um local rústico, muito modesto, ideal para mochileiros. Possui estacionamento privativo e fica  próximo do lago e do centro da cidade.  
c) Curtimos o final de tarde e a noite de Puerto Varas, fazendo longas caminhadas. A temperatura está bem agradável, mas esfriou bastante à noite. Estamos, à medida do possível, empenhados em investigar os sabores locais, tentando aproveitar o que a culinária da região oferece de melhor. Aproveitamos nossas saídas para comer Camarão, Côngrio, Merluza, Truta e Centolla (caranguejo gigante de águas profundas e geladas), acompanhados de um bom vinho branco chileno. Fomos em dois restaurantes excelentes e baratos: o El Gordito (dentro do mercado municipal) e no Chamaca Inn, próximo ao nosso hotel.  Os preços estão muito acessíveis, significativamente inferiores aos do Uruguai e da Argentina.

(Em Villa La Angostura - Argentina)
 (Na rodovia)
 (Deixando a Argentina, para entrar no Chile)
(Na rodovia chilena - travessia da Região dos Lagos)
 (No lago Llanquihue, em Puerto Varas/Chile))
 (Vulcão Osorno, Chile)
(Lago Llanquihue, com vulcão Calbuco ao fundo)
(Puerto Varas, Chile)
(Vulcão Osorno, às 21h30, sob os efeitos avermelhados do pôr-do-sol)

DIA 6 -15 de novembro de 2012, quinta-feira - BATE-E-VOLTA À ILHA DE CHILOÉ, no OCEANO PACÍFICO - 216 km.
a) Hoje saímos cedo, sob temperatura de 12 graus, para perambular pelos arredores. Nosso destino principal foi a Ilha de Chiloé, a maior do Chile, localizada no oceano Pacífico. Foi um excelente teste para nossas vestimentas de frio, porque a partir de amanhã vamos começar a descer mais para o sul e, certamente, teremos que encarar temperaturas bem mais frias. 
Pegamos a Ruta 5 chilena, passamos por Puerto Montt e fizemos a travessia de meia hora do Canal de Chacao, em uma balsa da transbordadora Cruz del Sur. A balsa sai de hora em hora e, tanto na ida, quanto na volta, chegamos ao porto no momento exato da entrada dos veículos. Não esperamos sequer 3 minutos para colocar as motos na embarcação. Eu sempre digo por aí que Deus me deu duas coisas grandiosas: "Nariz e Sorte", e ambos continuam viajando comigo, ajudando-nos a transpor os contratempos da estrada, por menores que sejam.
b) Passamos cerca de quatro horas na cidade de Ancud, capital de Chiloé, que foram muito bem empregadas em alguns pontos pitorescos, particularmente no Forte de San Antônio (edificação espanhola de 1770), no Mercado de Artesanato e na orla marítima. 
c) Em Ancud comemos a melhor refeição até aqui, no restaurante La  Corita, um local bastante simples no Mercado Municipal. Wandeco resolveu repetir o Côngrio (o melhor peixe da região, sem qualquer sombra de dúvida) e eu arrisquei um prato chamado Chupe de Jaíba com Salsa Margarita (caranguejo em nacos ao creme temperado), que custou a bagatela de R$ 19,00. Uma delícia! Neste restaurante encontramos um grupo de 7 paulistas que estão pedalando desde Santiago do Chile. Já estão há duas semanas na estrada, viajando ininterruptamente. Já vi muitos europeus pedalando pela América do Sul, mas brasileiros foi a primeira vez.
d) Ancud é uma cidade rústica, que lembra os cenários hollywoodianos das antigas aldeias de pescadores. Há 20 anos, esta cidade possuía o maior percentual de alcoólatras do planeta. Sei não, conheço muita gente que se sentiria bem à vontade neste ambiente.

(motos na balsa, indo para a Ilha de Chiloé)
(Forte San Antonio, em Ancud, Chiloé)
(Forte San Antonio, em Ancud, Chiloé)
(Forte San Antonio, em Ancud, Chiloé)

(Forte San Antonio, em Ancud, Chiloé)
(Mar de Chiloé)

EM EL BOLSÓN, ARGENTINA

DIA 7 -16 de novembro de 2012, sexta-feira - de PUERTO VARAS (Chile) a EL BOLSÓN  (Argentina) - 462 km rodados no dia de hoje. Quilometragem total: FLÁVIO (3719 KM); GILSON WANDER (6119 km), sendo 537 km no Uruguai, 2078  km na Argentina e 661
 km no Chile.

a) Deixamos Puerto Varas sob temperatura de 13 graus e seguimos rumo à Argentina, um trajeto fantástico pela Cordilheira dos Andes. Fizemos o trâmite da aduana chilena pela segunda vez  nesta viagem e, logo em seguida, paramos para almoçar em Villa la Angostura, já no lado argentino. A temperatura subiu para 19 graus e assim se manteve durante todo o percurso. Em La Angostura conhecemos um motociclista argentino, chamado Miel, que vive em Ushuaia e que está viajando para Corrientes (sua cidade natal, perto de Foz do Iguaçu) em uma moto custom chinesa, de 200 cilindradas. Uma pessoa muito agradável que nos deu ótimas dicas de viagem.
b) Chegamos a El Bolsón por volta das 16 horas e fomos trocar o óleo das motos. A oficina só nos atendeu às 17 horas, porque estava fechada. Algo inusitado para nós brasileiros, porque aqui existe o horário sagrado da sesta (aquela dormidinha depois do almoço) e o funcionamento do comércio tem uma lógica diferente da nossa. As lojas compensam este fechamento no meio do dia e ficam abertas até mais tarde (geralmente até às 22 horas).
c) Dizem que El Bolsón ainda mantém algumas tradições da época do movimento hippie, do final dos anos 1960. Fomos informados no quiosque de atendimento ao turista que esta história começou em 1969, com a chegada de um grupo de americanos e europeus por aqui, que se instalou a 20 km da cidade. Esses migrantes eram adeptos de uma filosofia de vida que havia ganhado força da década de 1960 e constituíram uma comunidade baseada na agricultura solidária, ao bom estilo hippie. Muitos por aqui garantem que a única coisa que ainda existe daqueles tempos é a feira de artesanato, que funciona apenas aos finais de semana. Independentemente de qualquer polêmica, a cidade é linda, cercada por montanhas nevadas da Cordilheira, com praças e parques bem cuidados e com muita gente se vestindo à moda hippie.

(fotos da estrada, entre o Chile e a Argentina, e em El Bolsón)