domingo

CHEGANDO A USHUAIA


DIA 14 - DE TORRES DEL PAINE (Puerto Natales, Chile) A USHUAIA (Argentina)
Sexta - dias 23 de novembro. 805 km rodados no trecho.
Quilometragem acumulada: Flávio (7320 km); Gilson Wander (9790 km), sendo 537 km no Uruguai, 5097 km na Argentina e 1215 no Chile.
a) CHEGAMOS A USHUAIA por volta das 21:30 h (ainda claro), depois de 14 horas de pilotagem e 2 trechos nevando pra chuchu. Nas proximidades de Ushuaia, na travessia da Cordilheira dos Andes, andamos cerca de 60 km sob nevasca e frio de 4 graus negativos. Pegamos vento de frente nos últimos 100 km. O filósofo Wandeco se manifestou, dizendo: " - Não há nada pior do que vento de frente, dor de dente e cerveja quente". Sábias palavras! Seguimos em frente, porque nossa alma é quente!
b) Saímos às 6h50 de Puerto Natales, porque o dia de hoje prometia ser longo: mais de 800 km de estrada, travessia do Estreito de Magalhães, 2 aduanas e 135 km de rípio. Quando subimos nas motos, fazia 9 graus. Parece que esta é a "temperatura padrão" das localidades mais ao sul da América. No meu entender, "temperatura" é uma medida meramente decorativa, porque é a "sensação térmica" que mensura o que a pele está sentindo, quando exposta ao ambiente. Basta um ventinho mixuruca para a sensação cair para algo entre 8 e 15 graus em relação à temperatura ambiente.
c) Pegamos sensação negativa de -1,8º na cidade de Tehuelches (com sol), só porque um ventinho de 40 km/h veio soprando de lado. Como disse o poeta Wandeco: "Um frio dos infernos!". Já estamos considerando ventos abaixo de 50 km/h como uma brisa. Ficamos acostumados a pilotar com a moto inclinada para a direita, para compensar o vento lateral que geralmente vem do Sudoeste (Cordilheira dos Andes).
d) Gastamos quase 2 horas na travessia do Estreito de Magalhães, que é feita numa balsa da Transbordadora Austral. Muitos automóveis e caminhões para embarcar. Só conseguimos vaga na segunda balsa. O Estreito faz a ligação de 13 km do continente com a Terra do Fogo, onde se localiza Ushuaia, o destino da nossa viagem. O custo da travessia foi de 60 pesos argentinos para cada um. Tivemos que dar sustentação às motos no convés, porque o mar estava revolto. Mal chegamos à Terra do Fogo e começou a nevar, com ventos laterais de 65 km/h (o pior até aqui, durante a pilotagem). Ainda bem que durou pouco, porque não é mole pilotar nessas condições.
e) Chegamos ao meio-dia ao município onde tem início o famigerado trecho de rípio: Cerro Sombrero, no Chile. Antes, fizemos uma boa parada para almoçar, para reduzir o desgaste físico e a ansiedade. Fizemos o trecho de 135 km, não pavimentado, numa velocidade bastante aquém da que poderíamos ter feito. Eu e Wandeco estamos sempre equipados com um aparelho bom e barato: FREIO "BS" (ou o "Freio do Bom Senso"), que vale mais que qualquer dispositivo tecnológico existente no mercado. O rípio é fonte de muitas lendas exageradas, mas é o que dá glamour a este desafio (além dos ventos, do frio, da neve, da chuva, da distância e da paciência nas aduanas). Todavia, presenciamos máquinas na pista já realizando avançado trabalho de pavimentação de boa parte deste trecho. Acho que quem vier a Ushuaia (por Onaisin), no ano que vem, não irá encontrar seque a metade do rípio que enfrentamos no dia de hoje. Possuo a VStrom desde o início de 2009 e esta foi a primeira vez que a pilotei em piso não pavimentado. Ela respondeu bem, mas está muito longe de ser uma moto adequada para este tipo de terreno.

 (No Estreito de Magalhães, Chile)
 (Aguardando para entrar na balsa para travessia do Estreito de Magalhães)
 (Chegando à Terra do Fogo, ainda no Chile)
 (Pedaço bom do trecho de rípio)
 (O céu pelo caminho de Ushuaia)
(Lago Fagnano, em Tolhuin, próximo à Ushuaia)

 (Lago Fagnano)
 (Ushuaia)
(Canal de Beagle, Ushuaia)

6 comentários:

  1. Muito legal o relato deste dia.
    Como se comportou no rípio a Súper Té?

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  2. Meus amigos, essa viagem a USHUAIA é uma verdadeira imersão num mundo surreal em que as paisagens e tudo o mais chegam a ser incompreensíveis de tão belos. Hoje estive com os amigos lá no Edu e estamos todos acompanhando essa conquista de vocês. Parabéns.

    Z. Batalha.

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  3. Flávio essa última foto com a gaivotinha é uma pintura, tecnicamente perfeita. Show.
    Z. Batalha.

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  4. Ual...!
    Mas, que bacana, meus amigos! Quando mais desafio, mas rica é a sensasão de vitoria, de realização no final. Vocês devem ter ter ficado muito felizes ao chegar a Ciudad del fin del Mundo...! Parabéns! Principalmente a você, Gilson, por ser a primeira vez em Ushuaia e, depois de toda sua expectativa durante o ano, ao qual fomos testemunha. O Farofa também deve ter ficado muito contente, por poder compartilhar e mostrar a você muitos lugares onde estivemos em 2009. Confesso que deu vontade de estar junto a vocês na placa de Ushuaia. Isso sem esquecer meu grande parceiro Zael, que segue na garupa virtual a cada dia e que, com certeza também gostaria de estar rodando por terra austrais.
    Putz, mas essa estória de nevasca, hein? Nem parece aquele clima tranquilo que pegamos no rípio! Tava frio, mas nada de neve, né?
    Então, é isso,
    Continuem com o freio BS, curtindo essa linda viagem,
    Valeu.

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  5. Maravilhoso ver vocês aí e saber exatamente qual é a sensação. IMPAGÁVEL!!

    Eduardo goianiaushuaia.blogspot.com

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  6. Viver em pról da liberdade de andar com a sua motocicleta

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