domingo

OS ÚLTIMOS DIAS

 21º Dia de Viagem - 30 de NOVEMBRO DE 2012, sexta -
DE SANTA MARIA/RS a GENERAL CARNEIRO/PR - 577 km no dia de hoje.
a) Rodar 577 km no dia de hoje foi uma vitória em termos de quilometragem percorrida, porque só conseguimos sair de Santa Maria às 13 horas. Tivemos que aguardar a revisão da moto do Wandeco na concessionária Yamaha. Enquanto isso acontecia, eu fiz a troca de óleo da VStrom na Suzuki Moto Sul e aproveitei para dar uma boa lavada na máquina. Minha velha companheira estava bastante suja!
b) TROCA DE PNEU - Como havia dito ontem, só consegui encontrar pneus novos para minha moto em outra cidade: Passo Fundo, que fica cerca de 300 km de S. Maria. Chegamos na loja um pouco antes das 16 h, e tive a ingrata surpresa de que o estabelecimento só vendia o produto, mas não o instalava (na Argentina acontece o mesmo). A própria vendedora nos indicou outra loja nos arredores para fazer o serviço de instalação. Gastei quase  2 horas nesta operação. O calor no Rio Grande do Sul está um absurdo, sempre acima dos 30 graus. Saímos de Passo Fundo depois das 17 h e tivemos que nos esforçar para fazer a viagem render no dia de hoje.
c) WANDECO MULTADO - Não foi uma boa ideia acelerar. Wandeco foi multado nas imediações de Erechim a 116 km/h, numa rodovia que julgávamos ser de 110 km/h, como estabelece o Código de Trânsito Brasileiro. A policial disse que a velocidade da via era de 80 km/h, conforme informava a sinalização. Sinceramente, não vimos nenhuma placa indicativa de 80 km/h. Se havia, estava justaposta à vegetação densa da serra. Depois da multa, vimos um punhado delas, com velocidade de 40, 60 e 80 km/h. A interpretação da Lei no Brasil virou um caso de  polícia. Essas placas de velocidade estão na rodovia desde antes do novo Código de Trânsito (1988). O DNIT jamais retirou as placas antigas e, como acontece no jogo-do-bicho, vale o que está escrito! Uma hipocrisia sem tamanho! Pelo jeito, só é possível andar a 110 km/h  nas rodovias terceirizadas.
d) INDIGNAÇÃO - Eu me lembro perfeitamente do porquê da velocidade de 80 km/h. Este limite é uma  das heranças malditas da Ditadura Militar, e foi estipulado logo após a Crise do Petróleo de 1973, com a finalidade de obrigar a população a economizar combustível. Os produtores árabes resolveram aumentar o preço do barril em mais de 400% de uma hora para outra. A intenção do governo era a de reduzir drasticamente o consumo, numa época em que éramos muito dependentes do petróleo importado. O limite de 80 km nada tinha a ver com a segurança no trânsito. Algum milico ensandecido da época, depois de realizar exaustivas experiências de fundo de quintal, decidiu que a velocidade mais econômica para os veículos era a de 80 km/h. Jamais houve qualquer comprovação científica desta merreca. Duro é viver nos dias de hoje sujeitos a esta situação. Eu mesmo não sei a que velocidade andar. Vale aquela placa dos anos 70? Vale o Código de Trânsito? Será que essas  plaquinhas de 40 km/h merecem ser consideradas? O pior é que a Polícia Rodoviária só coloca radares nas ladeiras íngremes, sentido "montanha abaixo", onde provavelmente um cadeirante ultrapassaria esse limite só usando a lei da gravidade. Muito triste ver uma corporação federal, formada por servidores de nível superior, mantendo radares sorrateiros atrás de moitas, para atender à sanha arrecadatória do Estado. Na Argentina e no Chile a velocidade é clara: 110 km/h na rodovia e 60 km/h nos trechos urbanos. E o assunto acaba aí! Não vou falar mais, porque tenho meia dúzia de amigos na Polícia Rodoviária Federal, que são pessoas honradas, que certamente discordarão da minha opinião. Ah, sim, Wandeco foi multado em R$ 949,00.
e) Atravessamos o Rio Grande, Santa Catarina (trecho bem curto, pela belíssima Serra do Contestado) e chegamos a uma cidadezinha muito simpática do Paraná, chamada General Carneiro. Já estava bastante escuro quando encontramos um hotelzinho que nos serviu com uma luva: hotel N. Senhora Aparecida, R$ 40,00 o quarto individual, com um restaurante bem ao lado. Comi um bife a parmegiana por R$ 16,00. Dá para acreditar?

 (Estado do pneu após 12 mil km rodados)

 (Entrando em Santa Catarina)
 (Paisagem paranaense)
(hotelzinho em General Carneiro/PR, a R$ 40/quarto individual)

 22º Dia de Viagem - DE DEZEMBRO DE 2012, sábado -
DE GENERAL CARNEIRO/PR a PRATA/MG -  1038 km no dia de hoje
a) Desde que saímos de Santa Maria (anteontem), a previsão do tempo era de chuva nos três períodos do dia (manhã, tarde e noite). Contudo, estamos pilotando sob um calor danado e nada de água. Isso era de se esperar quando se viaja ao lado de Wandeco, amigo de infância de São Pedro, que havia acertado com ele de manter o tempo estável até às 18 h de hoje. Nas últimas 5 viagens longas que fiz, peguei chuva no caminho de volta e adentrei minha casa sempre encharcado até à cueca. Estava contando que desta vez seria diferente, mas a chuva nos pegou pra valer chegando às Minas Gerais. Era 18h01 e não tínhamos intenção de avançar muito além disso. Mal nos molhamos, porque já estávamos nas proximidades da cidade de Prata, onde Wandeco conhecia um hotel muito bacana (Prata Palace, R$ 95/individual, Nota 7), em que ficamos hospedados na nossa última noite na estrada.
b) Jantamos no restaurante do próprio hotel e fizemos o último brinde da viagem antes de ir para a cama. Cada um no seu próprio quarto, porque não aguentamos mais o ronco do outro.
c) COMENTÁRIO SOBRE RODOVIAS - A rodovia Transbrasiliana (BR153), por onde rodamos por 2 dias consecutivos, deveria ser chamada de "Rodovia dos Caminhões". Sem qualquer exagero, acho que não ficamos 60 segundos consecutivos nesses últimos dias sem ultrapassar um deles. Parece brincadeira, mas no Paraná o pedágio é de R$ 12,60, para se viajar por esta estrada não-duplicada, com pouquíssimas terceiras faixas de ultrapassagem, incontáveis quebra-molas e fiscalização eletrônica de 40 e 60 km/h (uai, a rodovia não era para ser de 110 km/h????). Viajamos por uma autopista no Chile, na região de Osorno, onde o pedágio custa 500 pesos (automóveis), que no câmbio atual dá R$ 2,10. Nos Estados Unidos, pedágio é US$ 1,25 (R$ 2,70). Nenhum matemático do mundo conseguirá explicar o porquê de pagarmos 5 ou 6 vezes o que pagam os motoristas desses países, para andar em estradas 5 vezes piores. Um procurador público (de SP, salvo engano) havia comparado os ganhos das concessionárias das rodovias aos do narcotráfico. Eu não acho justa esta comparação, porque para ser narcotraficante é preciso correr riscos e manter uma logística complexa de distribuição e de proteção. Para se explorar uma rodovia basta ter alguns bons amigos nas esferas de governo. Para mim é indiferente pagar pedágio ou não, mas lembro que toda a produção nacional tem que passar por eles. E quem paga esta conta, de fato, é o consumidor.
d) COMENTÁRIO SOBRE FISCALIZAÇÃO ELETRÔNICA - O Brasil virou o país da fiscalização eletrônica (dos pardais). O "negócio das negociatas". Já estive em 10 países diferentes e nunca vi nada semelhante. A rodovia permite 80 km/h, mas os pardais exigem velocidade abaixo disto. É novamente a sanha arrecadatória atuando contra o cidadão. Essa forma de arrecadar é a "mamata das mamatas", que recebe investimentos contínuos e infinitos, porque na estrada o ganho é certo para quem governa. Já imaginaram se esta mesma disposição de investir dinheiro público fosse canalizada para a Educação e a Saúde???? Certamente estaríamos no mesmo patamar da Dinamarca.

 (Em Minas Gerais)
(Em Prata/MG)
(O último brinde da viagem)

2 comentários:

  1. Caramba Wandeco, não tive tempo de comentar antes. Viajar para Ushuaia é considerado uma aventura, mas para mim aventura mesmo é trafegar por essas nossas estradas inseguras em pêssimo estado e ainda estando sujeito a esse tipo de vandalismo oficial.

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  2. Conhecer amigos andando a nossa motocicleta é incrível.

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